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tecido brando
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Calma e tino te digo, peito brando. Não queiras conter toda a água dos mares. Toma uns litros de ondas bravas, de espuma fera. Deixa que se encrespe dentro de ti, cavalo afrontado, mas não domes esta água que o tempo a requer viva e pulsante. Respira e prepara-te, peito brando. Não queiras conter todo o ar dos abismos, toma só o de tua pequena inspiração, o acaricie por instantes, o sussurre como se ao último alento e o deixa livre ir ali, aonde tu também querias: vasto, imenso, indistinto. Sopra forte o que guardas. Não recolhas mais lágrimas, peito brando. E se um menino preso chora, dirás, e se um homem é torturado, dirás. Que não é tempo de guardar a ira, te digo. É momento de forjar e fazer luzir o fio da navalha.
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Disponível em: https://eupassarin.wordpress.com/2011/02/02/libertem-angye-gaona/
Tradução: Jefferson Vasques