O chapaco1 orgulhoso
.
Sou como a árvore presa na terra, e ninguém me tira do chão em que vivo. Carrego um poncho verde como o campo e uma faixa prateada de rio... Tenho uma moça nascida no vale e espero que logo floresça um filho, assim me prendo ao solo chapaco, e ninguém me arranca do chão em que vivo. Você, embusteiro, vem da cidade, quer me arrancar desta terra florida? E diz não ser minha a terra que lavro, nem a pobre casa por mim erguida? O solo é só de quem nele sua, não daqueles que roubam camponeses. Vá pra porra com sua papelada, daqui não saio, repito mil vezes! Aqui me planto firme feito árvore, e não me levam por outros caminhos: podem queimar minha casa de palha ou jogar sobre mim pedras e espinhos. Em meu cinturão carrego um relâmpago e tenho nos olhos um par de facas, e sei bem me defender com coragem, ninguém me expulsa desta terra amada. A terra é do homem, como dos pássaros, ou, por acaso, a fizeram os ricos? Quem é capaz de por fronteiras no ar? Quem é o dono da água do rio? E como não há donos do ar, nem da água, tampouco há patrões para o chão que piso!
.
Poema retirado de: https://omegalfa.es/downloadfile.php?file=libros/cuaderno-de-poesia-critica-n-028-oscar-alfaro.pdf
Tradução: Jonathan Constantino
Notas: