Bolívia – Oscar Alfaro

O chapaco1 orgulhoso

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Sou como a árvore presa na terra, 
e ninguém me tira do chão em que vivo. 
Carrego um poncho verde como o campo 
e uma faixa prateada de rio... 
Tenho uma moça nascida no vale 
e espero que logo floresça um filho, 
assim me prendo ao solo chapaco, 
e ninguém me arranca do chão em que vivo. 

Você, embusteiro, vem da cidade,
quer me arrancar desta terra florida? 
E diz não ser minha a terra que lavro, 
nem a pobre casa por mim erguida? 
O solo é só de quem nele sua, 
não daqueles que roubam camponeses. 
Vá pra porra com sua papelada, 
daqui não saio, repito mil vezes! 
Aqui me planto firme feito árvore, 
e não me levam por outros caminhos: 
podem queimar minha casa de palha 
ou jogar sobre mim pedras e espinhos. 
Em meu cinturão carrego um relâmpago 
e tenho nos olhos um par de facas, 
e sei bem me defender com coragem, 
ninguém me expulsa desta terra amada. 
A terra é do homem, como dos pássaros, 
ou, por acaso, a fizeram os ricos? 
Quem é capaz de por fronteiras no ar? 
Quem é o dono da água do rio? 
E como não há donos do ar, nem da água, 
tampouco há patrões para o chão que piso!

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Poema retirado de: https://omegalfa.es/downloadfile.php?file=libros/cuaderno-de-poesia-critica-n-028-oscar-alfaro.pdf

Tradução: Jonathan Constantino

Notas:

1. https://es.wikipedia.org/wiki/Chapaco

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