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Te amo pela sobrancelha. pelo cabelo, te debato em corredores branquíssimos donde jorram as fontes de luz, te discuto a cada nome, te arranco com delicadeza de cicatriz. vou te pondo no cabelo cinzas de relâmpago e fitas que dormiam na chuva. Não quero que tenha uma forma, que seja precisamente o que vier detrás de tua mão. porque a água, observa a água e os leões quando se dissolvem no açúcar da fábula, e os gestos, essa arquitetura de nada, incendiando as lâmpadas à metade do encontro. Toda manhã é a lousa onde te invento te desenho. Pronto para te apagar, assim não és, nem tampouco com esse cabelo escorrido, esse sorriso. Busco teu sumo, a borda da taça onde o vinho é também a lua e o espelho, Busco essa linha que faz tremer a um homem em uma galeria de museu. Ademais te quero, e faz tempo e frio.
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Tradução: Jefferson Vasques
Disponível em: https://eupassarin.wordpress.com/2010/12/04/nao-me-de-tregua/