A curva

.

I

olho a abóbada celeste
penso no redemoinho lácteo
……….na curva molecular da vida

.

recordo a geografia dos passos
no caminho sinuoso
em que ficaram os amigos
os orgasmos os fantasmas
os moinhos de vento

.

.

II

carrego um corpo
que apalpa morde cheira
…………………………….a manga
escorre em sulcos fluviais
no rosto

.

um corpo
com sua bunda sorridente

.

corpo que se funde a outro
na curva genital

.

corpo desde a angulosa barriga
à espera
até o fio da foice

.

.

III

lá fora
esquinas delirante inflexíveis
onde se depositam pessoas

.

a chuva despenca gotas
o sol se transmuta arco-íris
e na bandeira o vento faz a curva

.

.

IV

do cilindro em brasa entre os dedos
escapa a fumaça elíptica

.

a derrapagem na tangente
a transgressão e o perigo
da curva
em um mundo caduco de 90º

.

floresce um poema
entre a serpente rochosa dos Andes
e o berimbau litorâneo desta terra

.

.

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