22 DE JANEIRO
dos diálogos com Tim Maia
e Ivan Lins
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Eu preciso te falar
o que penso das coisas
que vi
….e vivi
por aí.
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Não é possível fazer de conta.
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Preciso demais desabafar
esta dor que não é pouca
……………que dói no peito
como um dia de domingo.
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HERPÉTON
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Ao despontar da manhã
como quem deslizasse no chão
(para não interromper os sonhos das crianças)
merletas mensageiras rastejaram para o bote.
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Os que despertaram de sopetão
surpreenderam-se com os que vieram
de soslaio.
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Sem o rufar de tambores
sem alardes sirenes ou alarmes
chegaram as rajadas de tiro
e as bombas.
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Mulheres crianças homens e velhos
correram para as ruas
correram das ruas
Correram sem saber para onde.
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Os homens de uniformes negros
tinham clareza de cada um de seus passos.
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Como um pelotão
que adentrasse o território inimigo
enfrentaram a multidão
– um exército três vezes maior
(e sem armas).
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CUPRESSUS MACROCARPA
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Este ano não será possível
enfeitá-lo para o natal.
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Derrubaram as casas todas
onde se armaria o cenário.
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Derrubaram as casas
…………………………todas
as coisas lá dentro
…………………………todas
as pepitas dos olhos
…………………………todas
as memórias e fotografias.
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Não será possível enfeitá-lo.
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Murcharam os olhos
apagaram as flores.
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Calaram os gritos e os sussurros
as orações as músicas as portas
os gemidos de gozo entre os dentes.
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Não será enfeitado com bolas ou luzes
não haverá manjedoura que acolha a salvação.
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MASSAS DE AR
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Há um grito parado no ar.
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Bandeiras tremulam
para que ele ecoe.
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RESSONÂNCIA
dos diálogos com Chico Buarque,
Castro Alves e Eduardo Alves Costa
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Será preciso ocupar as praças
enfeitá-las todas com tinta.
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Fazer delas tribuna e salão de festa.
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Será preciso ocupar as praças.
A praça é do povo.
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A praça é pouco.
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*Estes cinco poemas são parte de um conjunto maior de textos produzidos desde 2012, refletindo sobre a ação da PM paulista na comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), bem como outras ações em todo o estado. Para o blog foram selecionados apenas estes.
Gosto tanto de Chico e também de Castro Alves que posso dizer que o poema, no diálogo com esses dois ícones é muito bom! Gostei da construção (técnica) e da profundidade que ele traz para reflexão. Parabéns.
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Oi Vanessa, muito obrigado por seu comentário e pela análise.
Beijo,
J.
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Salve camaradas, sou diretor do sind. dos metalúrgicos de Santos. Temos uma pag. no nosso site só com poesias. Acesse : metalurgicosbs.org.br
pag. cultura/poesias
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Saudações camarada,
É bom saber que uma entidade tão importante para nossa classe, através da organização dos metalúrgicos, abre espaço e incentiva a produção e divulgação cultural!
A poesia (e a cultura em geral) são fundamentais para a revolução.
Um forte abraço,
Jonathan
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COMPANHEIRO, GOSTARIA DE SABER SE POSSO INCLUIR ALGUMAS POESIAS SUAS NO NOSSO SITE E COLOCAR O ENDEREÇO DO SITE NA NOSSA PAG. DE LINKS.
CONVIDO O COMPANHEIRO A ACESSAR NOSSO SITE PARA TER UMA IDÉIA DO CONTEÚDO POLÍTICO QUE ELE TEM, ACREDITO QUE SUAS POESIAS TEM TUDO A VER.
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Olá companheiro Andrades,
Fiquem à vontade em utilizar alguns de meus poemas no site de vocês e divulgar o link deste blog.
Será um prazer ter estes textos compartilhados com os companheiros Metalúrgicos, até porque, meu maior objetivo é dialogar com minha classe, com meus companheiros, com as lutadoras e lutadores do povo brasileiro.
Um abraço enorme,
Jonathan
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A poesia também pode ser reflexão politica. Isso é o papel do verdadeiro poeta antenado ao seu tempo e situação.
Saudações Quilombolas!
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Obrigado camarada Neurival pelas palavras.
De fato, a poesia pode (e sempre que possível deve) refletir questões políticas. Pelo menos para nós que estamos inseridos nas lutas de nosso povo.
Um forte abraço,
J.
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