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I
Quando chegou ao Brasil
sequestrado da África
foi vendido num mercado
…………………………perto do porto
…………………………longe da praia
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Muito longe da praia.
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II
Ao serem comprados no mercado
os negros escravizados
levavam uma surra
de moer a carne.
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Apanhavam (pedagogicamente)
para não mais
mirarem os olhos de seu dono
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Para se esquecerem do horizonte.
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III
Como mandava
o manual de boas práticas
se os escravos fizessem algo errado
recebiam um reforço negativo
para aprenderem o que é certo.
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Os dislexos, porém, morriam.
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IV
Nos momentos em que o horizonte
ascenou sua lembrança
como sinal de esperança
endemoniamento ou surto psicótico
muitos fugiram em busca de liberdade
……………………………..de descanso
……………………………..de casa
……………………………..de um sonho fugaz.
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Nesses casos
acionaram-se os capitães-do-mato
com suas armas cavalos giroflex viaturas
para capturar revistar surrar
fazer o necessário
e colocá-los em seu lugar.
Lindo!!!
nossa Jhow, muito bom mesmo esse poema!
não tem anacronismo.
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Trata-se de uma poesia crua e nua sobre quem carregou nas mãos e nas costas o Brasil como colônia de Portugal. Poesia mais que realista, é uma denúncia clara ao nos afirmar que nossa história tem que ser escrita, reescrita sob o olhar de quem a viveu e sofreu na pele e na alma. Que vivam os negros(negras) para também recontarem sua história verídica. Que viva Franz Fannon.
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Obrigado camarada por suas palavras tão cheias de vida! Um forte abraço, J.
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Fodastico!
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